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Cuiabá

Enterro de tenente é marcado por honrarias, pedido de desculpa e emoção

Em seu discurso, o secretário Roger Jarbas pediu desculpas pelo ocorrido no exercício da profissão, e agradeceu à família por ter disponibilizado “uma pessoa íntegra para servir ao Estado”.

Na manhã desta segunda-feira (15), o sol sobre o Cemitério Parque Bom Jesus de Cuiabá ardia tanto quanto a dor no peito de amigos e familiares do 2º tenente Carlos Henrique Scheifer (Bope). Desde às 8h, colegas de farda chegavam até a necrópole para se despedir. O sepultamento, que contou com a presença do governador de Mato Grosso, Pedro Taques, do secretário de Estado de Segurança Pública (Sesp), Rogers Jarbas e do comandante geral da Polícia Militar, Jorge Luiz Magalhães, ocorreu por volta das 9h30.

Cerca de mil pessoas, entre familiares e amigos, estiveram no enterro do tenente, morto em uma operação contra assaltantes de banco na noite de sábado (13). O corpo foi velado no Comando Geral da PM-MT na tarde de domingo (14) e rumou o cemitério por volta das 8h desta segunda-feira. Escoltado por motos e viaturas da Rotam, o caixão foi colocado sobre o caminhão do Corpo de Bombeiros, guardado por policiais e coroas de flores.

 Quando o caixão chegou, foi recebido por uma salva de tiros, disparados por policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope). A esposa do tenente, Tássia Paschoiotto, se emocionou ao encontrar os colegas de farda do marido e precisou ser amparada pelos amigos. Os policiais presentes prestavam continência, conforme a urna passava.

 No momento do enterro, muita emoção tomou conta do local. Diversos colegas de farda comentavam o caminho promissor deixado pelo tenente e lamentavam sua morte.

 Em sua fala, o comandante geral da Polícia Militar, Jorge Luiz Magalhães, destacou o excelente profissional que o tenente se mostrou, caracterizando-o como “um policial competente e determinado”,  e, diante dos elogios que oficial recebeu pelo alto comando militar, concedeu à Scheifer a medalha de mérito Homens do Mato, mais alta honraria do Comando.

 Em seu discurso, o secretário Roger Jarbas pediu desculpas pelo ocorrido no exercício da profissão, e agradeceu à família por ter disponibilizado “uma pessoa íntegra para servir ao Estado”. “Eu tenho a convicção que do que ele fez, ele acreditava no que fazia, que amava o que fazia. E nós, da segurança pública, somos extremamente gratos pelo trabalho que ele fez”, disse.

Por sua vez, o governador Pedro Taques decretou a concessão da melhada Guardião do Paiaguás e a entregou  à esposa do tenente. “Nenhuma medalha ou honraria pode confortar o coração dessa família”, disse. “Só pode receber medalha quem foi à guerra. Eu como governador nunca aceitei receber uma medalha. Mas o tenente Scheifer foi à guerra”, completou, ressaltando que alguém que sai e coloca a sua vida em risco para salvar outras vidas, merece mais do que medalha.

 O helicóptero do Ciopaer, Águia 03, sobrevoou o cemitério, e derramou pétalas de flores sobre o caixão. Muita emoção e choro tomaram conta do lugar. 

 Na cerimônia, o comandante do Bope, coronel José Nildo Oliveira, também falou sobre o profissional que foi o tenente Scheffer, que recebeu uma série de homenagens dos colegas de farda. Na ocasião, os policiais “caveiras” fizeram a oração das forças especiais. Um Pai Nosso e um Ave Maria também foram rezados pelos presentes.

 O tenente Scheifer tinha 27 anos e ingressou na Polícia Militar em 2011, por meio do vestibular para o Curso de Formação de Oficiais (CFO) da PM-MT. Ao sair da academia, serviu no Grupo Especial de Fronteira (Gefron) por dois anos, e, após fazer o Curso de Operações Especiais (Coesp) na Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, integrou a equipe do Bope.

 Em confronto com suspeitos de assalto a bancos realizada no sábado (13), em uma operação de buscas na zona rural de Matupá (distante 695km de Cuiabá), Scheifer levou um tiro no abdômen.

 O tenente estava casado há um ano e não deixou filhos.

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