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Bicicletas apreendidas pela polícia viram cadeiras de rodas para doação em MT

Ideia surgiu dentro de delegacia de Água Boa. Primeira cadeira construída com peças de bicicletas já foi doada para entidade que atende pessoas com deficiência.

Bicicletas apreendidas pela polícia estão se transformando em cadeira de rodas, em um projeto que surgiu dentro da própria delegacia, em Água Boa, a 736 km de Cuiabá. A primeira cadeira, que foi fabricada com as peças de uma bicicleta desmontada, foi doada na terça-feira (23) para a Escola Nova Esperança, da instituição filantrópica Associação Pestalozzi, que atende pessoas com deficiência.

Além de ajudar quem não tem condições de comprar uma cadeira de rodas, o projeto ajuda a solucionar o acúmulo de bicicletas no pátio da delegacia, segundo os policiais Aurélio Mendanha da Silva e Dionelsio Reis, idealizados do projeto.

"Sempre recebemos muitos pedidos de doação de equipamentos como esse na delegacia, mas infelizmente não podemos doar. Essa foi a forma que conseguimos pensar para ajudar essas pessoas", contou.

O projeto Roda Viva, como foi batizado, surgiu em fevereiro. Os primeiros protótipos foram feitos no mês seguinte, mas, de acordo com Aurélio, não atingiram a qualidade necessária.

"Produzimos três protótipos até chegar a esse resultado final, que reaproveita todas as peças da bicicleta. Esse projeto pode ser repetido por todas as delegacias do estado. O problema de superlotação não é exclusivo de Água Boa", explicou.

Os investigadores pensam em utilizar a mão de obra de detentos da penitenciária do município para produzir as próximas cadeiras.

"Não conseguiremos sozinhos, pois é uma atividade que poderemos fazer apenas nas horas livres. Também precisamos de apoio financeiro de serralherias, funilaria, pintura e tapeçaria", pontuou.

De acordo com o investigador, vai começar a fase burocrática do projeto para que as bicicletas, que são apreendidas ou recuperadas em ação da polícia e não são reclamadas pelos donos, possam, de fato, serem utilizadas na montagem de novas cadeiras.

"Precisamos fazer o levantamento das bicicletas e atestar se realmente não serão mais retiradas pelos donos", contou.

As cadeiras produzidas são apenas de transporte, como as utilizadas em hospitais, não de autolocomoção. Segundo ele, o preço médio para a produção é de R$ 250, enquanto uma nova chega a custar o dobro.

A Escola Nova Esperança da Associação Pestalozzi de Água Boa atende 107 pessoas de várias idades e diferentes tipos de deficiências e 27 delas são cadeirantes. Segundo a diretora da instituição, Iaraci Torquato, atualmente a unidade possui alunos de 1 a 81 anos.

Para ela, o projeto é extremamente importante. "Muitas vezes, tiramos a medida da pessoa, fazemos o pedido da cadeira de rodas e ela é entregue depois de quatro anos. Já tivemos alunos que morreram esperando", contou.

Muitas vezes, os funcionários da unidade fazem vaquinhas ou vender rifas para comprar os equipamentos que faltam na escola e atender as necessidades dos cadeirantes.

"É importante que a sociedade entenda as necessidades dessas pessoas, pois estamos desassistidos pelo poder público, que é o único que possui a responsabilidade de nos atender. A cadeira doada vai ajudar e muito no atendimento dos alunos", explicou.

Página:

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