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Bolsonaro pode matar todas as lideranças, mas o MST resistirá, afirma líder em MT

Carneiro especifica que o movimento deverá se reunir nesta semana para definir que atitude tomar para continuar defendendo a pauta da reforma agrária.

O coordenador do Movimento Sem Terra (MST) em Mato Grosso, Antônio Carneiro, deixa um recado claro ao presidente eleito. “O MST não deixará de existir por causa do Bolsonaro. Ele pode matar todas as lideranças do MST, mas o movimento continuará existindo porque apenas 1% de proprietários no Brasil detém 50% das terras”.

Durante a campanha eleitoral, Jair Bolsonaro (PSL) criticou com veemência o MST, chegou a propor que os fazendeiros defendam suas propriedades recebendo os membros do movimento à bala. Bolsonaro também já elogiou o massacre do Carajás, quando 19 membros do MST foram assinados na cidade paraense por policiais, para desobstruir uma rodovia interditada por membros do movimento.

Além disso, o capitão da reserva é claramente favorável a proposta de ampliação da Lei Antiterrorismo, autorizando a possibilidade de prender quem tentar coagir o governo e autoridade a fazer ou deixar de fazer algo por motivação política, ideológica ou social. Na visão de alguns, a proposta pode não valer apensas para o MST, mas a qualquer coletivo que for ás ruas protestar.

Carneiro especifica que o movimento deverá se reunir nesta semana para definir que atitude tomar para continuar defendendo a pauta da reforma agrária. “Ainda não temos uma posição formal. Mas sabemos o que o Bolsonaro é capaz de fazer e sabemos também o que esse Estado pode fazer. Nem tudo o que ele está prometendo fazer tem garantia de que vai conseguir. A não ser que se instale uma ditadura, porque até o momento ele foi eleito democraticamente e isso nós vamos respeitar”.

Carneiro afirma que o principal temor do movimento neste momento é em relação ao que ele define como “lobos solitários”. "São pessoas que tomam atitudes isoladas, mas motivadas pelo ódio" 

Conforme o líder, o movimento sempre foi defensor da democracia e dentro do Estado Democrático de Direito. Para ele, não é crime quando um grupo social se mobiliza para exigir a aplicação da Constituição. "Não é formação de quadrilha, não é bandidagem. Isso é papel da sociedade de exigir com que se cumpra o que está na Constituição”.

Carneiro completa e diz que é notório que a onda conservadora e o estimulo que o Bolsonaro fez até aqui vai liberar o ódio. "Eles (os latifundiários) vão ter mais certeza da impunidade e de ninguém vai investigar nada".

Carneiro relembra que o MST nasceu no período da ditadura militar e que o movimento se baseou em fazer reuniões clandestinas para dialogar com os camponeses. Diz ainda que o movimento já passou pela ditadura e por dificuldades do governo Collor – quando houve forte repressão contra os MST. “Podemos estar entrando em outro período como esses. Se ele não quiser respeitar a Constituição, será outro tipo de Governo, e nós vamos agir de acordo com as ações que vierem de Brasília. Eles vão querer acabar com o Incra. Não tem nada de novo na política. Já estão loteando cargos e funções nas pastas de acordo com a vontade de aliados políticos”.

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