De toda a carne brasileira exportada, 18% tem origem em Mato Grosso, que se estabelece há anos como segundo maior exportador do país com um rebanho de 30,2 milhões de cabeças de gado, maioria da raça Nelore.

Investigadores da Polícia Federal confirmaram irregularidades "nojentas" denunciadas por fiscais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em 39 dos mais de 4 mil frigoríficos do país.

Em três dias, o assunto repercutiu inclusive negativamente não só em tom de brincadeira nas redes sociais, mas comercialmente e no mundo.

Na manhã desta segunda-feira (20), União Européia, China, Chile e Coréia do Sul anunciaram decisão de restringir negócios com o Brasil, pelo menos até que se prove a qualidade do produto.

Por toda manhã, representantes do setor se reuniram com o secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico de Mato Grosso, Ricardo Tomczyk, em Cuiabá.

O secretário não soube informar qual a quantidade de carne já "engatilhada" para exportação no estoque de 23 frigoríficos e 12 indústrias de processamento de carnes locais que não se envolveram no escândalo.

Essa carne estocada iria até os postos de exportação, principalmente em Santos (SP), por via rodoviária e de lá seguiria pelo mar para o mercado externo.

"Infelizmente não estamos isolados e o fechamento de barreiras econômicas vai nos impactar", comentou o secretário Ricardo Tomczyk, após a reunião.

Na reunião estiveram presentes o Instituto Mato-grossense da Carne (Imac), Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (Indea-MT), Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Mapa, Sindicato das Indústrias de Frigoríficos do Estado de Mato Grosso (Sindifrigo) e Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat).

No período da tarde, o grupo vai levar as preocupações levantadas ao governador Pedro Taques (PSDB).

Só para se ter uma ideia, no caso da China, a suspensão do embarque é a princípio por uma semana e a Coréia do Sul vetou frango BRF (que controla as marcas Sadia, Perdigão e outras).

"Cada caso é um caso, mas vamos trabalhar para reverter estas restrições nacionalmente e o que o Estado pode dar é apoio", comentou Tomczyk.