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Prefeita e vice de Várzea Grande (MT) têm mandatos cassados por gastos ilícitos com publicidade

Juiz eleitoral aponta que gasto com propaganda institucional no primeiro semestre de 2016, ano em que Lucimar Campos (DEM) se reelegeu, foi 5 vezes mais alto que a média dos três anos anteriores.

A justiça Eleitoral de Mato Grosso cassou nesta terça-feira (20) os mandatos da prefeita de Várzea Grande, Lucimar Campos (DEM), e do vice-prefeito José Aderson Hazama (PRTB), por gastos ilícitos com publicidade durante a campanha eleitoral de 2016. Nessa eleição, Lucimar foi reeleita ao cargo numa disputa com o ex-deputado estadual Pery Taborelli (PSC), autor da ação que resultou na decisão que determina a perda do mandato da democrata e do vice dela. Cabe recurso da decisão e eles podem recorrer no cargo.

A prefeita e o vice ainda não se manifestaram. O secretário municipal de Comunicação, Marcos Lemos, que foi multado na mesma decisão, afirmou que o advogado de ambos foi até o TRE-MT para obter cópia da decisão.

Na decisão, o juiz da 20ª Zona Eleitoral Carlos José Rondon Luz determinou que o presidente da Câmara de Vereadores de Várzea Grande, Chico Curvo (PSD), assuma o cargo de prefeito daquele município, até a realização de nova eleição, após a decisão transitar em julgado.

O magistrado também mandou que seja enviado ofício ao Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE-MT) solicitação a realização de nova eleição em Várzea Grande, e cópia do processo ao Ministério Público Estadual (MPE).

Lucimar Campos e o secretário de Comunicação de Várzea Grande, Marcos Lemos, foram condenados a pagar multa de R$ 60 mil. Já o vice-prefeito José Hazama foi multada em R$ 5 mil por não ter poder de decisão sobre as despesas ilícitas, conforme a decisão.

Durante a campanha eleitoral foram veiculados na página institucional da prefeitura matérias divulgando obras e serviços realizados pela prefeitura, sendo que algumas delas contendo nomes e fotografias de secretários, "extrapolando do simples elemento informativo, de modo a angariar a simpatia dos eleitores, em período proibido", como consta na sentença.

Os gastos com publicidade institucional no primeiro semestre do ano de 2016 foram superiores à média dos três anos anteriores, segundo o magistrado.

Na decisão, o juiz cita relatório do Tribunal de Contas do Estado (TCE) que aponta que a soma dos gastos com propaganda institucional realizados pela prefeitura nos primeiros semestres de 2013, 2014 e 2015 corresponde a R$ 620,5 mil, ou seja, uma média de R$ 206,8 mil, enquanto no primeiro semestre de 2016 essa despesa foi de R$ 1.209 milhão.

"Constata-se então que o limite legal foi ultrapassado em mais de 5 vezes. Para ser mais preciso, o limite foi excedido em praticamente 600%. Tal situação ultrapassa qualquer juízo de proporcionalidade e razoabilidade", diz a decisão.

Conforme o magistrado, os gastos com publicidade levados a efeito em ano eleitoral extrapolaram os limites permitidos por lei, "havendo nítido excesso e caráter autopromocional dos referidos gastos, em conduta que à toda evidência é no mínimo tendente a afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos nos pleitos eleitorais".

Lucimar Campos assumiu o cargo em maio de 2015 após a cassação o então prefeito Wallace Guimarães (PMDB) por irregularidades na campanha eleitoral de 2012. Ela tinha disputado a eleição contra Wallace e sido derrotada. À época, a Justiça determinou que o segundo colocado no pleito ocupasse a vaga.

Ela é mulher do ex-governador de Mato Grosso, ex-senador e ex-prefeito de Várzea Grande, Jaime Campos, também do DEM. Atualmente, ele é secretário municipal de Assuntos Estratégicos, cargo que assumiu no início deste ano.

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