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Testemunhas peritos e réus devem ser ouvidos em audiência sobre chacina em Colniza

Assassinatos ocorreram em 19 de abril deste ano. É a primeira audiência de instrução e julgamento dos quatro acusados.

O juiz Ricardo Frazon Menegucci, da Vara Única de Colniza, a 1.065 km de Cuiabá, deve começar a ouvir a partir das 14h desta segunda-feira (27) as testemunhas, peritos e réus sobre a chacina que resultou na morte de nove trabalhadores, no dia 19 de abril deste ano na gleba Taquaruçu do Norte, em Colniza. É a primeira audiência de instrução e julgamento dos quatro acusados do crime.

Segundo o Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), durante a audiência, que será realizada no Tribunal do Júri do Fórum de Colniza, serão ouvidas as testemunhas, os peritos prestarão esclarecimentos e, ao final, os réus serão interrogados.

Nove trabalhadores foram assassinados; local onde os corpos foram enterrados em Colniza (Foto: Reprodução/TVCA)Nove trabalhadores foram assassinados; local onde os corpos foram enterrados em Colniza (Foto: Reprodução/TVCA)

Em primeiro lugar será ouvido o rol de testemunhas que conta com 11 pessoas. Woshigton Kester Vieira, Ricardo Sanches, Robenilson Ferreira Barros, Hélio Alves Cardoso, Osmar Antunes, Darlan Silva de Oliveira, Marduqueu dos Santos Mateus, Elias Patrício Pereira, Elianei Gomes da Rocha, Heliovan Gomes da Rocha, Jacir Antunes.

O juiz responsável acredita que nessa primeira audiência seja possível ouvir dois réus, sendo Pedro Ramos Nogueira presente na audiência e Paulo Neves Nogueira por carta precatória. Os demais: Moisés Ferreira de Souza (que mora em Rondônia), Ronaldo Dalmoneck e Valdelir João de Souza ambos ainda não foram encontrados.

Réus

 Foram denunciados pelo Ministério Público Estadual (MPE) e constam como réus no processo o empresário do ramo madeireiro Valdelir João de Souza, de 41 anos, apontado como mandante do crime, o ex-sargento da Polícia Militar de Rondônia Moisés Ferreira de Souza, Ronaldo Dalmoneck, Pedro Ramos Nogueira e Paulo Neves Nogueira – sendo esses dois últimos tio e sobrinho.

 
 Governo de MT diz que 9 foram assassinados em ataque a área rural (Foto: Ciopaer/Divulgação) Governo de MT diz que 9 foram assassinados em ataque a área rural (Foto: Ciopaer/Divulgação)

Chacina

 Consta na denúncia que, no dia da chacina, Pedro, Paulo, Ronaldo e Moisés, a mando de Valdelir, teriam seguido até a Linha 15 - onde ocorreu a chacina - e, com o uso de armas de fogo e arma branca, executaram Francisco Chaves da Silva, 56, Edson Alves Antunes, 32, Izaul Brito dos Santos, 50, Aldo Aparecido Carlini, 50, Sebastião Ferreira de Souza, 57, Fábio Rodrigues dos Santos, 37, Samuel Antonio da Cunha, 23, Ezequias Santos de Oliveira, 26, e Valmir Rangel do Nascimento, de 55 anos.

A motivação dos crimes seria a extração de recursos naturais da área. Com a morte das vítimas, a intenção do mandante era assustar os moradores e expulsá-los das terras, para que ele pudesse, futuramente, ocupá-las. No dia do atentado, os denunciados foram reconhecidos pelas testemunhas, conforme o MP.

Segundo o MP, o grupo de extermínio percorreu aproximadamente 9 km ao longo da Linha 15, assassinando, com requintes de crueldade, aqueles que encontraram pelo caminho, sem dar chance de fuga ou defesa.

Gleba

 A gleba Taquaruçu do Norte ocorreu é de difícil acesso e fica a aproximadamente 200 km de Colniza. A área onde ocorreu a chacina chegou a pertencer à Cooperativa Agrícola Mista de Produção Roosevelt após disputa judicial com o dono de uma fazenda. Mas, segundo a Secretaria de Segurança Pública (Sesp-MT), parte da área de 42 mil hectares foi vendida irregularmente para outro fazendeiro e, depois que a cooperativa foi desfeita, uma nova associação foi formada.

 Madeireiras

Exploração ilegal de madeira ocorre na região há anos, segundo ONG (Foto: Daniel Beltrá/ Greenpeace)Exploração ilegal de madeira ocorre na região há anos, segundo ONG (Foto: Daniel Beltrá/ Greenpeace)
 
 A chacina que matou nove pessoas não prejudicou em nada a atuação das madeireiras de propriedade do empresário Valdelir João de Souza, acusado de ser o mandante do massacre, ocorrido em abril deste ano. Em um relatório divulgado nesta semana, a ONG Greenpeace afirma que as duas empresas dele continuam funcionando em pleno vapor, apesar de o dono estar foragido.

A informação, segundo o relatório denominado "Madeira manchada de sangue", da organização ambientalista, foi constatada durante vistoria de campo, realizada em julho de 2017 na região da divisa entre Mato Grosso e Rondônia.

Página:

https://www.olharnoticias.com.br/noticia/mato-grosso/2017/11/27/testemunhas-peritos-e-rus-devem-ser-ouvidos-em-audincia-sobre-chacina-em-colniza-/2298.html