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Câmara cassa mandato de vereador suspeito de cobrar 'mensalinho' de servidores de gabinete em MT

Servidores contaram que repassavam parte do salário para uma assistente do parlamentar de Sinop. Ao todo, 13 vereadores foram favoráveis.

O vereador Fernando Heliodoro Brandão (PR), suspeito de receber um ‘mensalinho’ cobrado de servidores de gabinete, teve o mandato cassado na noite desta segunda-feira (14) pela Câmara Municipal de Sinop, a 503 km de Cuiabá, por quebra de decoro parlamentar. Brandão arrecadava parte dos salários de funcionários lotados no próprio gabinete.

De acordo com o departamento jurídico da Câmara de Vereadores, a cassação não cabe recurso. No entanto, Brandão pode contestar, na justiça, o rito do processo. O G1 tentou falar com o vereador, mas o celular dele estava desligado. Durante os depoimentos colhidos pela comissão, a defesa de Brandão negou todas as acusações.

Vereador Fernando Brandão (PR) foi investigado por suspeita de mensalinho de funcionários de gabinete (Foto: Câmara de Vereadores de Sinop-MT/ Assessoria)

Segundo a Câmara de Sinop, a Comissão de Ética e Decoro Parlamentar pediu a cassação do mandato do vereador por receber um 'mensalinho'. O mandato foi cassado durante sessão no plenário.

Ao todo, 13 vereadores foram favoráveis ao relatório final da Comissão de Ética e entenderam que Brandão foi ‘omisso e passivo ante a prática de extorsão de parte ou todo salário de servidores e/ou prática de agiotagem atentatória às leis’. Brandão votou contra a cassação.

Conforme a Câmara, a Comissão de Ética foi composta pelos vereadores Dilmair Callegaro (PSDB), Tony Lennon (PMDB) e Joacir Testa (PDT). Desde abril, eles investigaram acusações e denúncias referentes ao repasse de valor mensal ou o salário integral a chefe de gabinete, Viviane Bulgarelli e ao vereador cassado, Fernando Brandão.

A decisão do parlamento será publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) e, posteriormente, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) será comunicado. A previsão é de que até a próxima sessão, o suplente, Remídio Kuntz (PR), seja convocado a assumir a cadeira no Legislativo.
 
Relatório final da comissão deve ser votado pels vereadores de Sinop (MT) (Foto: Câmara de Vereadores de Sinop/Divulgação)
 
A Câmara informou que, apesar de o Ministério Público Estadual (MPE) já ter uma investigação sigilosa em curso, a Comissão de Ética deve encaminhar o resultado da própria investigação também ao Poder Judiciário.
 

Mensalinho

O relatório final da comissão, concluído no dia 12 de junho, levou em consideração o depoimento de três ex-servidores do vereador, ouvidos pelos membros da comissão. Eles relataram que efetuavam repasses mensais dos próprios salários a uma assistente do parlamentar.

Uma servidora, contratada em julho de 2015, afirmou que combinou de repassar R$ 1,8 mil do salário de R$ 4 mil a assistente do vereador, supostamente a pedido dele. No entanto, depois de um acidente, ela não continuou a realizar os repasses e teria sido ameaçada pelo parlamentar.

Outro funcionário contou que chegou a entregar os valores integrais de dois salários a assistente do vereador. No entanto, depois de questionar a ordem, ele contou que foi ameaçado e mudou de cidade. Ainda segundo o servidor, o dinheiro da rescisão contratual dele foi sacado pela assistente do parlamentar.

votação do relatório chegou a ser suspensa pelo juiz Mirko Vicenzo Gianotte, da 6ª Vara Cível de Sinop. A Polícia Civil também investiga a suspeita de que um aparelho de gravação tenha sido colocado de forma ilegal no gabinete do vereador.

 
 

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