Visitas técnicas realizadas no Rio Iriri, em Guarantã do Norte, constatou alterações na qualidade da água.
Uma visita técnica de professores da Universidade de Mato Grosso (Unemat) constatou a morte de milhares de peixes no Rio Iriri, em terras indígenas da etnia Panará, em Guarantã do Norte, a 721 km de Cuiabá. A vistoria foi motiva por denúncias de indígenas a respeito da qualidade da água e a mortandade dos animais. O relatório da visita apontou modificação na qualidade da água, comprometendo a alimentação e a sobrevivência dos índios.
Em nota, a Fundação Nacional do Índio (Funai) afirmou que 150 cestas básicas e galões de água potável foram encaminhados para as aldeias atingidas na sexta-feira (28).
O relatório da vistoria é assinado pela professora doutora Solange Aparecida Arrolho da Silva, coordenadora do Laboratório de Ictiofauna da Amazônia Meridional. O documento apontou alteração na qualidade da água, o que ocasionou a morte dos milhares de peixes.
A visita foi realizada no dia 20 de julho. Na ocasião, foram coletadas amostras de peixes e da água do rio em três trechos diferentes. Foram visitadas as aldeias Sancue, Sõcorasã e uma fazenda na região. De acordo com o relatório, os índios afirmaram que os peixes pequenos começaram a morrer no dia 3 de julho. Quatro dias depois, os peixes maiores começaram a boiar.
A análise, no local, constatou alteração nos parâmetros físico-químicos da água. “A coloração da água em todos os trechos apresenta-se muito esverdeada em toda a extensão do rio. O odor de putrefação ao longo de dois trechos indica que existem alterações acentuadas na qualidade da água”, como contra em trecho do documento.
Entre as espécies encontradas mortas no rio estão curvinas, tucunarés, cascudos, curimbas, cacharas, pacus e raias. Nos exemplares coletados como amostra foi possível, segundo o relatório, verificar a presença de fungos, coloração esbranquiçada, opacidade no olho e estado letárgico.
“A principal fonte de proteína das populações moradoras das aldeias é o peixe, se este estiver contaminado pode gerar problemas sérios de saúde. Considerando que a água está totalmente alterada não pode servir como fonte de dessedentação para pessoas”, diz trecho do relatório.
A responsável pelo relatório – que esteve nas aldeias – afirmou, no entanto, que os índios continuaram a consumir o peixe e fazer o uso da água. “Eles continuam consumindo, porque é a única opção para eles”, afirmou Solange Aparecida.
O documento, entretanto, aponta que não é a primeira vez que o fenômeno ocorre na região. Em 2003, relatos semelhantes foram feitos. À época, o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) teria iniciado um trabalho para investigar o caso. Os índios, porém, alegam que nunca houve episódio parecido no Rio Iriri.
A Funai alega que encaminhou pedido à Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) para que o rio fosse examinado. O órgão diz que também orientou os índios para que a água não seja consumida até que a causa do possível envenenamento seja constatada.
Em conversa com os índios e o gerente de uma fazenda, porém, não foi constatada nenhuma atividade, como garimpo ou uso de agrotóxico, que possa ter contaminado a água.
As amostras de água colhidas no rio foram levadas para a sede da Unemat e devem ser analisadas de maneira mais precisa. O laudo com a causa da possível contaminação deve ser divulgado.
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