PM abriu inquérito interno para investigar conduta de policiais envolvidos no esquema. PolÃticos, advogados, médicos e jornalistas foram grampeados.
O coronel da reserva Jorge Catarino Morais Ribeiro deve assumir o comando das investigações dentro da Polícia Militar de Mato Grosso sobre o esquema de interceptações clandestinas operado por membros da corporação entre os anos de 2014 e 2015. Entre as vítimas estão médicos, advogados, jornalistas, servidores públicos e políticos que fazem oposição ao governo. A convocação do oficial para o serviço ativo foi publicada no Diário Oficial do Estado que circula nesta sexta-feira (25).
Ribeiro vai substituir o também coronel da reserva Denézio Pio da Silva, que havia sido convocado para ser o encarregado do inquérito, mas que se declarou impedido para a função porque é advogado de um dos investigados, o coronel Zaqueu Barbosa, preso desde terça-feira (23) por suspeita de envolvimento no esquema. O cabo Gerson Luiz Ferreira Correa Junior também foi preso pelo mesmo motivo.
“Impedimento porque eu não atuei, estou atuando como advogado numa ação de execução contra o estado. Por isso não tem como a gente permanecer como encarregado desse inquérito”, disse o coronel Denézio.
Ribeiro está na reserva desde 2015 e já foi comandante-geral da PM em substituição legal. O inquérito que ficará sob o comando dele foi instaurado pela corporação neste mês, dias depois que o esquema de grampos telefônicos veio à tona.
Os pedidos de interceptações telefônicas das vítimas foram feitos à Justiça sob a justificativa de que eram necessárias para dar andamento a uma investigação supostamente feita pelo Núcleo de Inteligência da PM sobre policiais que estariam envolvidos com tráfico de drogas na região da fronteira com a Bolívia.
PGR
A Procuradoria-Geral da República abriu investigação para apurar se o governador Pedro Taques (PSDB) sabia do esquema e para descobrir quem mandou que os grampos fossem feitos. Quem procurou a PGR para denunciar o caso foi o promotor de Justiça Mauro Zaque, que foi secretário de Segurança do governo atual em 2015.
Zaque afirma ter entregue dois documento, sendo o segundo com anexos, para Taques a fim de que fosse aberta investigação. O governador afirma ter recebido somente o primeiro documento e que o enviou em outubro de 2015 ao Gaeco (Grupo de Atuação e Combate ao Crime Organizado), do Ministério Público, para apuração. A investigação foi arquivada depois de cinco dias por falta de provas.
O governador acusa Mauro Zaque de ter fraudado o segundo documento e entrou com representação contra o promotor no Ministério Público e no Conselho Nacional do Ministério Público.
Investigação
Além do inquérito policial militar e da PGR, foi também aberta investigação sobre o caso pela Polícia Civil, por meio da Delegacia Especializada em Crimes Fazendários (Defaz). O Tribunal de Justiça também ordenou apuração interna sobre os grampos - o desembargador aposentado José Ferreira Leite consta da lista dos telefones grampeados de forma indevida.
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