SÃlvio relata que foi procurado no segundo semestre de 2013 por dois representantes da cooperativa em seu gabinete.
O ex-chefe de gabinete do ex-governador Silval Barbosa (PMDB), Sílvio Corrêa, afirma em delação premiada já homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que o deputado estadual Romoaldo Júnior (PMDB) recebeu propina da Cooperativa dos Vigilantes do Estado de Mato Grosso (Coovimat), que tinha contrato com o Estado. O objetivo da propina era, segundo o delator, garantir o pagamento em dia dos serviços prestados. O depoimento sobre este assunto foi prestado em 03 de maio deste ano, na sede da Procuradoria da República em Mato Grosso, perante à procuradora da República, Vanessa Cristhina Marconi Zago.
Sílvio relata que foi procurado no segundo semestre de 2013 por dois representantes da cooperativa em seu gabinete, cujos nomes não são mencionados. A dupla de sócios, segundo ele, foi levada por Romoaldo. O pedido dos representantes era que os contratos que a empresa tinha com Estado fossem adimplidos, pois estavam com atraso nos pagamentos.
“[...] Nessa mesma reunião ficou combinado entre os empresários, o declarante (Sílvio) e Romoaldo Júnior que quando a empresa viesse a receber do Estado, pagaria o percentual de 4% do valor recebido no total, a ser dividido entre Romoaldo e o declarante, sendo que o deputado Romoaldo Junior era quem ficaria responsável diretamente para receber essa propina de proprietários da Coovmat”, diz trecho do depoimento.
Diante do combinado, Sílvio conta que averiguou a situação da empresa junto ao secretário-adjunto de Saúde, Marcos Rogério, “pessoa de confiança do Declarante e de Silval”, e pediu que ele analisasse a situação da empresa e priorizasse os pagamentos que a empresa tinha a receber do Estado.
Conforme Sílvio, Marcos Rogério atendeu prontamente o pedido e passou a pagar a Coovmat que, por sua vez, deu início ao pagamento de propina supostamente acertada com Romoaldo. Sílvio, contudo, “não sabe dizer ao total quanto Romoaldo Junior recebeu de propina” dessa empresa, mas afirma que o deputado não recebia o retorno em todos os pagamentos da empresa. Cita, neste contexto, ter solicitado R$ 10 mil da propina ao parlamentar. O delator garante que nunca repassou propina para Marcos Rogério, mas acusa o deputado de fazê-lo.
No depoimento prestado nesse dia, Sílvio comentou que esclareceu em um anexo que o retorno de propina oriunda dos contratos firmados pela secretaria estadual de Saúde com outras empresas e empresários girou em torno de R$ 200 mil, divididos igualmente entre ele e Marcos Rogério.
Declarou, ainda, que Marcos “tinha a missão de receber e repassar o dinheiro” a ele e ratifica que o dinheiro da Coovmat era repassado ao então secretário pelo deputado.
Sobre Silval, disse que no início ele não tinha ciência das tratativas com a cooperativa, vindo a saber posteriormente, mas não se beneficiando da propina.
Outro lado
Romoaldo nega que tenha ocorrido acerto de propina, mas confirma a reunião com os empresários. Esclarece, contudo, que os vigilantes sempre o apoiaram na região do Nortão e procuraram Sílvio para tentar receber valores referentes a um contrato que havia sido renovado, mas não havia sido atualizado. “Eles tinham uma diferenciação da época do Blairo ainda para receber, mas não receberam, tanto que fecharam. Não houve acerto de propina. A cooperativa tinha muito a receber do Estado e acabou falindo. Isso está na justiça até hoje”, comenta.
A reportagem não localizou o contato da cooperativa e de Marcos Rogério.
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