Cervejaria Petrópolis pagou dívidas de Silval e silêncio de Eder

Ex-secretário de Indústria e Comércio disse que beneficiou empresa a mando de ex-governador
Cervejaria Petrópolis pagou dívidas de Silval e silêncio de Eder

O Grupo Petrópolis, fabricante de bebidas como a cerveja Itaipava, recebeu um aditivo de incentivos fiscais, em 2011, em troca de ter pago R$ 2,5 milhões de dívidas de campanha do ex-governador Silval Barbosa (PMDB), e outros R$ 300 mil para comprar a “retratação” do ex-secretário de Fazenda, Eder Moraes.

 A revelação foi feita pelo ex-secretário de Estado de Indústria, Comércio, Minas, Energia (Sicme) e Casa Civil, Pedro Nadaf, em sua delação premiada à Procuradoria-Geral da República (PGR), homologada em março pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF).

 Nadaf contou que, durante a campanha de 2010, Silval Barbosa procurou o Grupo Petrópolis em busca de apoio financeiro para a campanha eleitoral. A cervejaria tem uma unidade em Rondonópolis (212 km ao Sul de Cuiabá)

 Vencida a eleição, o ex-secretário disse que, no ano de 2011, recebeu em seu gabinete, na Sicme, um termo aditivo do incentivo fiscal que a cervejaria já recebia por meio do Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial de Mato Grosso (Prodeic).

 O termo já estava pronto para assinar e tinha sido remetido pelo Palácio do Governo do Estado, “cujo objeto era o beneficiamento de soja em outra unidade da Federação, acreditando ser do Paraná, em favor da Cervejaria Petrópolis”.

 “Referida empresa já era beneficiada pelo programa de incentivos fiscais do Prodeic. Não sei dizer a partir de que ano a empresa passou a gozar dos seus benefícios”, disse, na delação.

A princípio, Nadaf afirmou que foi resistente em assinar o termo aditivo e, por isso, encaminhou a questão para a equipe técnica.  

“No mesmo dia em que encaminhei referido documento para a equipe técnica, fui procurado em meu gabinete pelo superintendente de Indústria, Sérgio Romani, o qual afirmou que o termo estava contemplando um fato fora do objeto da indústria, qual seja, o beneficiamento de grãos no Estado do Paraná, estilo pré-operacional”, afirmou Nadaf

 “Não tive outra saída”

 O ex-secretário relatou que, no dia seguinte à conversa com Sérgio Romani, foi falar com o próprio Silval sobre o termo aditivo.

 “O ex-governador determinou que eu firmasse a assinatura do documento, alegando que necessitava atender ao pedido do presidente do Grupo Cervejaria Petrópolis, pois havia sido companheiro dele na campanha eleitoral de 2010, já que havia pagado todo o marketing de sua campanha de governo no valor de R$ 2,5 milhões”, disse.

 Em razão da determinação, o ex-secretário afirmou que não teve outra saída, a não ser assinar o documento “beneficiando o Grupo Cervejaria Petrópolis com a possibilidade pleiteada de a empresa poder beneficiar grãos em outro Estado da federação, obtendo ainda os mesmos incentivos recebidos aqui no Estado de Mato Grosso”.

 Retratação de Eder

 Ainda segundo Nadaf, em 2014, Silval Barbosa lhe contou que iria passar na casa de Oto Medeiros de Azevedo Júnior, advogado da cervejaria, para pegar R$ 500 mil, valor que seria usado para pagar parte de uma dívida com o ex-secretário Eder Moraes.

 “Acredito que essa dívida se tratava de um acordo que Silval Barbosa tinha feito com Eder de Moraes Dias ,para que este se retratasse dos depoimentos que havia prestado ao Ministério Público, no qual delatava várias autoridades do Governo Silval Barbosa e Blairo Maggi, por esquemas de corrupção e lavagem de dinheiro”, disse.

 O acordo para a retratação de Eder foi confessado pelo próprio Silval em sua delação.

 O ex-governador disse que ele e Blairo Maggi concordaram em pagar R$ 6 milhões a Eder, para que este “retirasse” as acusações que fez a ambos em 2014, quando tentou negociar um delação com o Ministério Público Estadual (MPE).

Fonte Midia News

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