Grupo negociava carteira de habilitação por valores que variavam entre R$ 3 mil e R$ 5 mil
O Ministério Público Estadual denunciou 99 pessoas acusadas de participar da “Máfia do Detran”, nos anos 2012 e 2013. Além de servidores públicos, o esquema de venda de CNHs tinha a participação de proprietários de 17 autoescolas de Mato Grosso e Goiás.
A ação foi proposta pela 2ª Promotoria de Justiça Criminal de Barra do Garças.
De acordo com o Ministério Público, na ocasião, proprietários de autoescolas dos dois Estados se uniram para cooptar candidatos à primeira habilitação a requererem a carteira nos Municípios de Barra do Garças e Araguaiana, onde as fraudes aconteciam.
O valor para a obtenção do documento variava de R$ 3 mil a R$ 5 mil. Detalhe: Os candidatos, em sua maioria , eram semianalfabetos, preenchiam a lista de presença para a realização da prova teórica e sequer eram avaliados na prova prática e no exame psicotécnico.
A promotora Luciana Rocha Abrão David explica que a denúncia foi subdividida em quatro núcleos: o primeiro, atuante na cidade de Araguaiana, envolvendo os proprietários de CFC e instrutores (12 denunciados); o segundo nas cidades de Barra do Garças e Pontal do Araguaia (oito denunciados), também envolvendo proprietários de CFCs e instrutores; o terceiro de funcionários públicos do Detran e credenciados (psicólogas), com 22 denunciados funcionários públicos e duas psicólogas; e o quarto formado pelos candidatos à CNH, com 55 denunciados.
Os servidores e os proprietários das autoescolas foram denunciados por corrupção passiva qualificada, formação de quadrilha e falsidade ideológica.
Já as pessoas que receberam irregularmente as carteiras de habilitação vão responder por corrupção ativa e falsidade ideológica. Na denúncia, o MPE requer a perda da função pública dos servidores e a reparação de dano moral difuso.
No Estado de Goiás, os denunciados tiveram participação fundamental na cooptação dos candidatos aspirantes à CNH, os quais são proprietários de CFCs nos Municípios de Goiânia, Aparecida de Goiânia, Itapuranga, São Luiz de Montes Belos, Firminópolis, Britânia, Mozarlândia, Paraúna e Crixás, além de um servidor público do Detran de Uruana/GO, que era o líder do esquema criminoso consumado no Estado de Mato Grosso.
Realizado pela Polícia Civil, o inquérito policial, resultante da Operação Fraus, tem aproximadamente 80 volumes, contendo mais de 16 mil páginas. A denúncia foi ofertada contra 99 denunciados e foram promovidos 26 arquivamentos.
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