ssessores de outros 3 ex-deputados também são lembrados por ex-presidente da AL
O ex-presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (AL-MT), José Riva, disse em depoimento à Delegacia Especializada em Crimes Fazendários e Contra a Administração Pública (Defaz-MT) que os investigados na operação Bereré são ligados a pelos menos outros dez deputados e ex-deputados estaduais de Mato Grosso. A operação Bereré foi deflagrada no dia 19 de fevereiro de 2018 pelo Ministério Público Estadual (MP-MT), além da Defaz-MT.
A investigação apura um esquema de lavagem de dinheiro e desvios de recursos no Detran de Mato Grosso. O deputado estadual Mauro Savi (PSB) é considerado líder do esquema, e sua influência no Detran é revelada por políticos e empresários.
Não por acaso, Mauro Savi é o que possui ligações com o maior número de pessoas citadas por José Riva em seu depoimento, começando por Adriana Rosa Garcia de Souza, que trabalha no gabinete dele. Ela, que sofreu mandado de busca e apreensão, também foi beneficiada com dois cheques de R$ 95 mil emitidos por Levi Machado, advogado e lobista envolvido numa outra operação, a quarta fase da “Sodoma”, que apura o superfaturamento na compra de um terreno no Jardim Liberdade, em Cuiabá, envolvendo a cúpula da gestão do ex-governador Silval Barbosa.
Outra pessoa de confiança de Savi, Cleber Antonio Cini, o “Binho”, além de ter sofrido mandado de busca e apreensão no âmbito da operação “Bereré”, também teve os bens bloqueados na operação “Ventríloquo”, que apura desvios de quase R$ 10 milhões na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (AL-MT) no pagamento de um dívida com o antigo Banco Bamerindus. José Riva também citou Rebeca Maria de Souza, outra pessoa de confiança de Savi, que segundo investigações da operação Bereré foi beneficiária de 583 cheques emitidos Antônio da Costa e Silva, sócio da Santos Treinamentos, uma das empresas que estariam por trás das fraudes no Detran. Os cheques recebidos por ela totalizam mais de R$ 3 milhões.
Além dela, Riva também nomeou outras pessoas ligadas a Mauro Savi, como Daulton Luiz Santos Vasconcelos, o “faz tudo” de Savi, e Andreo Darci Mensch Leite. De acordo com José Riva, todas essas pessoas eram “utilizadas” por Mauro Savi para o recebimento de propina.
Na sequência, Riva também disse que Francisvaldo Mendes Pacheco, o “Dico”, além de ser pessoa de confiança do deputado estadual Romoaldo Júnior (MDB), também era utilizado pelo parlamentar para o recebimento de propinas. Ele é um dos investigados na operação Bereré e também foi denunciado na operação “Ventríloquo”, onde chegou a ser preso.
Riva também foi questionado em seu depoimento se conhecia Jorge Batista Graça. Ele respondeu que Graça é uma pessoa de confiança do deputado estadual José Domingos Fraga (PSD), e que também é utilizado para o recebimento de propinas – além de ter sofrido um mandado de busca e apreensão na operação Bereré. O ex-prefeito de Poconé (102 km de Cuiabá), José Euclides dos Santos Filho, também foi citado por José Riva como alguém ligado ao deputado estadual licenciado Wilson Santos (PSDB), que atualmente ocupa o cargo de Secretário de Estado de Cidades (Secid-MT).
Luiz Otávio Borges Souza, pessoa de confiança do deputado estadual Baiano Filho (PSDB), também foi citado por José Riva.
Três pessoas ligadas ao deputado estadual Guilherme Maluf (PSDB) também são “lembradas” no depoimento de Riva - Moisés Dias da Silva, que além da operação Bereré também está envolvido num esquema de fraudes em licitações na Secretaria de Estado de Educação (Seduc-MT), investigada na operação “Rêmora”, Nelson Lopes de Almeida e Odenil Rodrigues de Almeida, que é investigado na Bereré, na operação Ventríloquo e também na “Convescote”, que apura a prática de lavagem de dinheiro em contratos de prestação de serviço de uma Fundação ligada a Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat).
O deputado Ondanir Bortolini, o Nininho (PSD), fecha a lista de deputados estaduais da atual legislatura que também possui ligações com pessoas investigadas na operação “Bereré”. Segundo Riva, o ex-secretário-geral da AL-MT, Tcshales Franciel Tscha, é pessoa de confiança de Nininho. Ele também sofreu mandado de busca e apreensão na "Bereré" e é outro dos investigados na “Convescote”.
José Riva também citou pessoas ligadas a ex-deputados estaduais, como Valter Nei Duarte Barros (João Malheiros), Ricardo Adriano de Oliveira (Sérgio Ricardo de Almeida), Ivan Lopes Dias (Alexandre César), além do superintendente do Ministério da Agricultura em Mato Grosso, José de Assis Guaresqui, que possui ligações com o ex-deputado federal Pedro Henry.
BERERÉ
Deflagrada no dia 19 de fevereiro de 2018, a operação Bereré, do Ministério Público Estadual e da Delegacia Especializada em Crimes Fazendários e contra a Administração Pública (Defaz-MT), desbaratou uma quadrilha que lavava dinheiro e desviava recursos públicos por meio de empresas que prestam serviços ao Detran-MT. O bando agia desde 2009 e teria desviado em torno de R$ 1 milhão por mês.
Os principais alvos da operação são os deputados estaduais Eduardo Botelho e Mauro Savi, ambos do PSB, além do ex-deputado federal Pedro Henry. As investigações tem como base os depoimentos de colaboração premiada do ex-presidente do Detran-MT, Teodoro Lopes, o “Doia”, além do empresário Rafael Yamada Torres, outro delator do esquema.
Segundo as investigações, a Santos Treinamento e Capacitação é uma empresa fantasma que já teve entre seus sócios o presidente da AL-MT, Eduardo Botelho (PSB). A organização recebia recursos desviados da FDL Serviço de Registro, Cadastro, Informatização e Certificação de Documentos, que realiza junto ao Detran-MT o registro de financiamentos de veículos em alienação fiduciária.
Um dia depois da deflagração da operação, em 20 de fevereiro, Eduardo Botelho admitiu que conhecia a fraude e se disse “arrependido” de não ter deixado o quadro societário assim que soube do esquema, em 2011.
O desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT), José Zuquim Nogueira, determinou no dia 16 de fevereiro o sequestro de R$27.722.877,38 de 17 pessoas, entre físicas e jurídicas, envolvidas no esquema de lavagem e desvio de dinheiro no Detran de Mato Grosso. De acordo com o despacho do magistrado, o recurso era “desviado” do órgão para “retirar-lhe a sujeira que cobre a sua origem”. Entre as pessoas atingidas pela medida estão os deputados estaduais Eduardo Botelho, Mauro Savi, o ex-deputado federal Pedro Henry, além de sócios e lobistas que participaram do esquema.
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