Ameaça foi feita após colocação de faixa contra ex-presidente da Ager
“Vou dar um cacete nele”. De acordo com o Ministério Público Estadual, a frase em tom de ameaça é do empresário Éder Augusto Pinheiro, proprietário da Verde Transportes. Ele é apontado como líder do esquema que tentava fraudar uma licitação de R$ 11,25 bilhões na concessão do transporte público intermunicipal de passageiros.
O esquema é investigado na Operação Rota Final, deflagrada na última quarta-feira pela Delegacia Especializada em Crimes Fazendários e Contra a Administração Pública (Defaz). A ameaça, segundo o MPE, teria sido dirigida ao também empresário e proprietário da Novo Horizonte, Edgar Abreu Magalhães, o Baiano.
No diálogo, Éder Augusto Pinheiro conversa com o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário de Mato Grosso (Setromat), Júlio César Sales Lima, sobre uma faixa colocada em frente à sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MT) em Cuiabá, criticando o ex-presidente da Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados (Ager-MT), Eduardo Moura.
Júlio e Eder comentam sobre a faixa e apontam que ela teria sido colocada a mando de Edgar Abreu Magalhães, e que atacariam o ex-presidente da Ager, além do diretor regulador de Transporte e Rodovias da Ager, Luís Arnaldo Faria de Mello, afastado do cargo pelo governador Pedro Taques, na última sexta-feira. O proprietário da Verde Transportes, então, comenta sobre seu concorrente, dono da Novo Horizonte.
“Mostra para ele (Eduardo) e fala: Eduardo, esse é o tipo de gente que vocês estão querendo trazer para cá. Pior gente é impossível. Ele não tem amigo no Brasil inteiro. É brigado”, afirma Éder. Júlio responde que Eduardo Moura concorda. “Mas ele já sabe”.
Na sequência do diálogo, os dois chegam a conclusão de que Eduardo Moura provavelmente estaria ‘puto’ com o episódio, e que isso poderia ser positivo, já que com a reação do ex-presidente da Ager, ele poderia travar a liberação da empresa.
O diálogo prossegue e Éder chega a citar o deputado estadual Dilmar Dal Bosco (DEM). O empresário afirmou que passou uma demanda para o parlamentar, na tentativa de travar a permissão para rodar da Novo Horizonte. A ameaça ao empresário, vem na sequência.
“Esse cara aí é moleque. Deixa eu encontrar com ele da próxima vez que ele vai ver. O rapaz tá achando que aqui é diferente. Tá querendo, tá pedindo, né. Vai apanhar. Vou dar um cacete nele, mandar dar um cacete nesse cara, que ele vai ver. Eu tô falando sério, viu Júlio. Mandar dar um cacete nesse cara que ele vai ver”, completou.
OPERAÇÃO RETA FINAL
O edital investigado na operação “Rota Final” é divido em dois lotes, cada um com “8 mercados”, que representam todas as regiões de Mato Grosso. No total, os contratos somariam R$ 11,25 bilhões. Ao final dos vinte anos de concessão, e de acordo com audiências públicas realizadas em 2012, as receitas totais das empresas de todo o sistema seriam da ordem de R$ 7,68 bilhões.
As investigações da suposta fraude apontam a participação dos deputados estaduais Dilmar Dal Bosco (DEM), Pedro Satélite (PSD), o ex-presidente da Ager, Eduardo Moura, além do presidente do Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário de Mato Grosso (Setromat), Júlio César Sales Lima. O secretário de Estado de Infraestrutura (Sinfra-MT), Marcelo Duarte, também é citado nas investigações.
Na operação, foram presos Júlio César Sales Lima, o empresário Éder Augusto Pinheiro, dono da Verde Transportes, e os diretores da empresa, Wagner Ávila do Nascimento e Max William de Barros Lima. Todos foram colocados em liberdade, por decisão do desembargador Guiomar Teodoro Borges, o mesmo que autorizou a Operação.
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