Zaqueu atribui ao cabo Correia os pedidos para inclusão de números
Em depoimento na tarde de hoje, o coronel da reserva da Polícia Militar de Mato Grosso, Zaqueu Barbosa, admitiu que teme até ser morto diante da fragilidade da prisão em que se encontra desde o dia 23 de maio em decorrência da acusação de ser um dos líderes de um grupo dentro da corporação que fez centenas de interceptações telefônicas ilegais nos anos de 2014 e 2015. Ele está detido numa cela no Esfap (Escola de Formação e Aperfeiçoamento de Praças) na rodovia MT-010, em Cuiabá.
Segundo Zaqueu, a divulgação dos números de pessoas grampeadas apontou alguns militares de extremo grau de violência. "Teme pela sua integridade física e de sua família por conhecer a periculosidade dos policiais militares que eram investigados e porque hoje está preso em uma unidade que tem apenas um policial militar a noite fazendo a guarda", alertou.
Durante o interrogatório, Zaqueu explicou que conheceu o cabo Gerson Luiz Correia Júnior, que também está detido pela mesma acusação, quando atuaram no Gaeco (Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado). "O cabo Gerson Correa gozava da credibilidade de todos promotores. Inclusive, ele chefiava todo setor de monitoramento dos telefones", explicou em depoimento obtido pelo FOLHAMAX.
Zaqueu admitiu que nunca ouviu as gravações dos telefones interceptados e desconhece que advogados, magistrados, oficiais da própria PM, jornalistas e a deputada estadual Janaína Riva (PMDB) tenham sido alvos. "Não se recorda de ter recebido áudios de gravações, mas se lembra ter recebido relatórios e informações verbais do cabo".
O ex-comandante garantiu que nunca pediu a inserção de nenhum número telefônicos nos relatórios, assim como nunca esteve no local em que o cabo Gerson Correia alugou para ser o escritório de arapongagem. O local foi o edifício Master Center, próximo a Câmara de Cuiabá.
RELAÇÃO COM JUIZ
Zaqueu também admitiu que manteve contatos pessoal e telemático com o juiz Jorge Alexandre Martins Ferreira, que atuava na comarca de Cáceres, para debater a quebra de sigilos telefônicos de PMs investigados por desvios de conduta. "O interrogando manteve alguns contatos, aravés de email, com o doutor Jorge Alexandre por um email particular não precisando saber se era hotmail ou gmail e que o soldado PM Gerson Correia tinha acesso também a essa conta, pois foi passada a ele essa senha. Todos relatórios de interceptação foram feitos por Correia, pois ele era o analista responsável", detalhou.
O coronel explicou que conheceu Jorge Alexandre em 2003 comentou que esteve em Cáceres para participar de uma solenidade de troca de comando quando visitou o magistrado, já em 2014. Durante o encontro, Jorge o relatou que diversos crimes na região estariam sendo cometidos por militares.
O esquema de interceptações telefônicas clandestinas em Mato Grosso veio à tona após reportagem no Fantástico (Rede). Os promotores e ex-secretários de Segurança Pública, Mauro Zaque e Fábio Galindo, fizeram uma denúncia a Procuradoria Geral da República que vem sendo apurada.
Além de Zaqueu e Correia, estão presos por decisão judicial desde a última sexta-feira o chefe afastado da da Casa Militar, coronel Evandro Lesco; o secretário adjunto do órgão, coronel Ronelson Barros; o comandante da PM em Várzea Grande, tenente coronel Januário Batista, além do cabo Euclides Torezan, que atua no Gaeco. O ex-corregedor da PM, coronel Alexandre Correa Mendes; o ex-diretor de Inteligência da corporação, tenente coronel Victor Paulo Fortes Pereira, também foram presos administrativamente, mas estão em liberdade desde segunda-feira à noite por decisão judicial.
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