Delegada diz que número de mulheres mortas em MT é alarmante

A delegada Ana Cristina Feldner aponta que boa parte dos crimes são cometidos por companheiros ou ex-companheiros das vítimas.
Delegada diz que número de mulheres mortas em MT é alarmante

Somente nos dois primeiros meses de 2018, 19 mulheres foram assassinadas em Mato Grosso, de acordo com dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp-MT), a maioria dos casos se enquadra na Lei do Feminicídio, que completa três anos de criação no dia 8 de março. 

No mesmo período do ano passado, foram registrados sete assassinatos de mulheres no Estado. Em todo o ano de 2017, 75 mulheres foram mortas. 

Segundo o Ministério Público do Estado (MPE), dois terços dos feminicídios são registrados dentro da casa da vítima e em 58% dos casos foram usadas armas brancas, como facas ou canivetes para cometer o crime. Em cerca de 75%  dos casos, a vítima tinha laço afetivo com o agressor. 

A delegada Ana Cristina Feldner responsável pelas investigações destes casos na Delegacia Especializada de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), explica como se configura um feminicídio.

“Se um atirador entra em um local e mata algumas pessoas, entre elas mulheres, neste caso não se enquadra o crime de feminicídio e sim homicídio. O feminicídio é tão somente quando o crime é cometido porque se trata de uma mulher ou em casos de violência doméstica”, explicou a delegada.

A delegada aponta que boa parte dos crimes são cometidos por companheiros ou ex-companheiros das vítimas. A motivação geralmente é ciúmes ou por não aceitar o término da relação. Em quase todos os casos, a mulher já sofria abusos e ameaças dos parceiros.

“A maioria destas mulheres sofre agressões e são extremamente ameaçadas no decorrer deste relacionamento. Elas são dependentes emocionalmente e financeiramente destes homens e acabam, as vezes, pagando com a própria vida”, disse a delegada.

 

A Lei do Feminicídio prevê penas mais altas para condenados por assassinatos decorrentes de violência doméstica ou por discriminação e menosprezo à mulher. A lei classifica esses homicídios como hediondos, dificultando, por exemplo, a progressão da pena do condenado, além de elevar em até um terço a pena final do réu. 

Segundo a delegada, além da punção mais severa, há meios da mulher se sentir mais segura para conseguir sair de uma relação abusiva. A Segurança Pública oferece aparato para isso e a Justiça tem sido rigorosa no cumprimento das punições.

“A Justiça tem cumprido a rigor as prisões destes criminosos e a mulher pode buscar ajuda policial, pedir uma medida protetiva, que somente ela pode tirar ou não”, falou a delegada.

Feldner disse que algumas maneiras de inibir o aumento destes números seria criar políticas públicas voltadas à mulher, promover campanhas orientativas sobre estes casos e oferecer gratuitamente acompanhamento psicológico a estas mulheres, além de facilitar o ingresso delas ao mercado de trabalho.

“Se fala muito do emponderamento da mulher, da independência dela, da liberdade conquistada, mas por outro lado há muitas mulheres que estão reféns de maridos ou companheiros, que são vítimas da violência diariamente. Para se libertarem disso, elas teriam que ter condições de regressar ou iniciar a vida profissional, ter ajuda de psicólogos, adquirir mais conhecimentos”, indicou a delegada.

Fonte Hiper Notícias

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