O ex-deputado Riva revelou que era ele mesmo o responsável por distribuir os valores aos deputados, juntamente com o ex-vice-governador Silval Barbosa (PMDB).
Em depoimento, o ex-deputado estadual José Riva, que denunciou um amplo esquema de corrupção entre o Governo do Estado e deputados entre os anos de 2005 à 2009, disse que no final da gestão do falecido ex-governador Dante de Oliveira, o sucessor Blairo Maggi, que atualmente ocupa o cargo de ministro da Agricultura, adotava um discurso duro com relação a Assembleia, tendo sido eleito com minoria. Este comportamento provocara um sentimento de receio por parte de deputados corruptos acostumados a receber as benesses do “Mensalão” mato-grossense.
“Deputados me procuraram pra saber se continuariam recebendo propina igual ao governo anterior, que era restrito à bancada. Aí começou o governo Blairo e ele falou que não ia continuar com isso. Ele estava disposto a passar um valor para a Assembleia, mas que fosse para passar a todos os deputados, para ajudar o governo na Assembleia”, revelou Riva.
O pagamento da propina, iniciado no governo Dante, tornou-se sistemático e estendeu-se até o fim do governo Silval Barbosa. “Nesse período (2003 a 2004) foram movimentados R$ 1,1 milhão. Em 2005, aumentou para R$ 3,4 milhões. Em 2006 foram R$ 6 milhões. Em 2007, quando era o presidente Sérgio Ricardo (atual conselheiro afastado do TCE), R$ 12 milhões. Em 2008, R$ 15 milhões”, revelou Riva.
O ex-deputado Riva revelou que era ele mesmo o responsável por distribuir os valores aos deputados, juntamente com o ex-vice-governador Silval Barbosa (PMDB). O político ainda informa que o esquema prosseguiu quando Silval tornou-se governador de MT. O ex-secretário de Finanças da Assembleia, Edemar Adams (já falecido), também foi acusado de participar da distribuição da propina.
Riva também recebia mensalão e se diz arrependido
Questionado pela juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital, que conduziu a audiência, Riva acusou os ex-governadores de efetuarem pagamentos mensais aos corruptos. “Quando algum deputado era mais duro com o governo, ele (Blairo) pedia pra conversar com ele”.
Selma Arruda também perguntou se o próprio Riva recebia os repasses. “Sim. Eu recebia e gastava com o gabinete, mas também em benefício próprio. Eu conversei com meus advogados: ou eu falo tudo ou eu não falo nada. Não vou chegar aqui e falar pela metade. Gastei com uso pessoal. Esse pagamento já acontecia no governo Dante, veio para o governo Blairo e foi até o fim do governo Silval”, entregou-se.
De acordo com Riva, alguns deputados ainda assinavam que estavam recebendo materiais que nunca foram entregues no esquema fachada de compras. “Mas não era 100%. Teve deputado que assinou e recebeu o material. A forma de manter o sigilo era dessa forma: receber os materiais pela secretaria geral. Todos sabiam, ninguém assinava nada enganado”, revelou.
Diversos deputados e mais de 40 empresas estariam envolvidos no esquema e a relação de nomes já foi entregue ao Ministério Público Federal (MPF) para que investigue os acusados.
“QUERO DEIXAR BEM CLARO QUE É UMA SITUAÇÃO QUE ME ARREPENDO DE VERDADE. NÃO QUERIA TER FEITO, TOMEI A DECISÃO ERRADA, INFELIZMENTE. QUERO PRESTAR CONTAS COM A SOCIEDADE, NÃO ROUBEI R$ 500 MILHÕES, MAS PARTICIPEI DESSE ESQUEMA”, FINALIZOU RIVA.
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