Deputada denuncia secretário de MT à polícia por divulgar foto dela de camisola

Janaína Riva (PMDB) prestou queixa na Delegacia da Mulher, nesta segunda. Foto dela de camisola foi compartilhada em grupos de WhatsApp no domingo após reportagem sobre grampos.
Deputada denuncia secretário de MT à polícia por divulgar foto dela de camisola

A deputada estadual Janaína Riva (PMDB) registrou um boletim de ocorrência contra o secretário de Comunicação de Mato Grosso, Kléber Lima, por ele ter divulgado uma foto em que ela aparece de camisola. A imagem foi compartilhada pelo secretário no domingo (14), depois que o Fantástico exibiu uma reportagem sobre grampos clandestinos no núcleo de inteligência da Polícia Militar do estado – a parlamentar foi uma das vítimas.

Ao G1, Kléber Lima disse que vai aguardar ser notificado para se manifestar sobre o assunto.

A queixa foi registrada na Delegacia da Mulher de Cuiabá, nesta segunda-feira (15). Uma audiência entre as duas partes já foi marcada para o dia 2 de junho, conforme a assessoria da deputada estadual.

Na imagem encaminhada em grupos de WhatsApp, em que a deputada aparece usando uma camisola, o secretário faz o seguinte comentário: "Quem iria invadir a privacidade da ilustre deputada, se ela mesma a faz." Kléber Lima também foi secretário de Comunicação e de Governo de Cuiabá.

Logo após a publicação começar a circular, a deputada postou em sua página numa rede social uma mensagem repudiando o ato. "[Estou] estarrecida com o machismo imposto. O secretário usa uma foto pessoal minha, para justificar os grampos ilegais feitos pelo governo do estado contra mim e outros envolvidos", diz ela na postagem.

O governador de Mato Grosso, Pedro Taques (PSDB), alega não ter conhecimento das interceptações clandestinas e diz que pediu à Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp) que apure o caso.

Desagravo

 Pelo mesmo fato, o presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), Eduardo Botelho (PSB), assinou um ato de desagravo à postura do secretário e encaminhou o documento ao governador Pedro Taques.

"É entendimento desta Casa de Leis que o secretário procedeu de modo indigno e incompatível com o cargo que ocupa quando divulgou através de mídias sociais, mais especificamente grupos de WhatsApp, post contendo foto íntima da deputada Janaína Riva", diz trecho do ofício.

Além disso, o presidente da Assembleia Legislativa exige um pedido formal de desculpas do secretário à deputada.

Reunião no Judiciário

 Deputados que fazem oposição ao atual governo, incluindo Janaína Riva, participaram de uma reunião com o presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), Rui Ramos, para cobrar providências ao Judiciário sobre escutas telefônicas clandestinas.

"Uma das nossas preocupações é se essa investigação é um fato isolado ou se existem outras, como é a nossa suspeita. Estamos tendo dificuldades em criar uma CPI na Assembleia Legislativa para ouvir os policiais que participaram dessa ação. Nós queremos a ajuda do Judiciário", afirmou a parlamentar.

 Além de Janaína, participaram da reunião o deputado Zeca Viana (PDT), Alan Karde (PT), Silvano Amaral (PMDB) e Valdir Barranco (PT). O grupo também se reuniu com o procurador-geral de Justiça, Mauro Curvo, para cobrar medidas sobre o caso.

Grampos ilegais

 Um esquema de espionagem no setor de inteligência da Polícia Militar de Mato Grosso foi revelado em reportagem do Fantástico. A Procuradoria-Geral da República (PGR) apura se o governador tinha conhecimento e de quem partiu a ordem para os grampos.

Em um relatório da PM sobre suposta investigação de tráfico de drogas, estavam nomes de pessoas que não tinham nenhuma relação com o crime, como de políticos, policiais, advogados, médicos, servidores públicos e jornalistas.

Pelo menos 100 telefones foram grampeados por essa central telefônica clandestina. Um deles pertence ao desembargador aposentado José Ferreira Leite, ex-presidente do TJMT. Ao G1, ele afirmou que não tinha ideia do interesse em grampeá-lo. Dois jornalistas também tiveram os telefones grampeados, assim como quatro médicos.

Fonte G1 MT

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