Segundo consta em seu depoimento, ZÃlio era pessoa de confiança e coordenador financeiro de campanha de Blairo Maggi, bem como de Silval.
Braço direito do ex-governador Silval Barbosa (PMDB), o ex-chefe de Gabinete Silvio Correia não apenas confessou participação nos esquemas, como confirmou declaração do ex-secretário Pedro Nadaf de que, ainda no CCC, disse que "delatores deveriam morrer". Para Nadaf, a afirmação soou como ameaça de morte.
Entretanto, Silvio garante que comentários desse tipo são corriqueiros no interior dos presídios. “Não obstante, jamais teria coragem de tentar contra a vida de alguém”, diz trecho do depoimento que culminou na decisão de soltura da juíza da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Selma Arruda, na terça (13).
Na sequência, Silvio, que deixou a cadeia junto com Silval, revela detalhes dos esquemas liderados pelo ex-governador. Confessa, por exemplo, que, na condição de chefe de Gabinete do então governador, se reunia com empresários que mantinham contratos com o Palácio Paiaguás ou que gostariam de vir a contratar e que pagavam propina para manutenção de seus contratos para Silval Barbosa, chefe da organização criminosa.
Silvio cita, ainda, 10 pessoas como membros ativos da organização. Entre eles, Cesar Zílio, ex-secretário estadual de Administração e ex-presidente do MT-Par; Afonso Dalberto, ex-presidente do Instituto de Terras de Mato Grosso (Intermat); e Pedro Elias, ex-secretário de Administração. Todos delatores de processos oriundos da operação Sodoma.
Segundo consta em seu depoimento, Zílio era pessoa de confiança e coordenador financeiro de campanha de Blairo Maggi, bem como de Silval. Era o responsável por angariar dinheiro de propina para pagar as dívidas da organização.
Outro participante ativo do esquema foi Pedro Elias, que, também na campanha de Silval em 2010, atuava como arrecadador de propina, tendo participado do recebimento de quantias das empresas Consignum, Marmeleiro e Webtech.
Afonso Dalberto é apontado no depoimento de Silvio como um dos que atuou em algumas situações ilícitas a mando de Silval, como no caso da desapropriação no bairro Jardim Liberdade.
O advogado Francisco Faiad e ex-secretário de Administração também é citado como um membro ativo da organização criminosa. Silvio relata em seu depoimento que Faiad, em 2013, recebeu pagamento de propina proveniente da empresa Marmeleiro Auto Posto. Faiad também teria se utilizado de fraude na secretaria de Infraestrutura para quitar restos de dívida da campanha em que foi candidato a vice-prefeito de Lúdio Cabral (PT), em 2012. Silval, por sua vez, também cita a dupla.
Segundo Silvio, o filho de Silval, Rodrigo Barbosa, chegou a combinar com Pedro Elias propina da empresa Webtech. No trecho em que revela a participação de Rodrigo, Silval esclarece que o filho “recebia propina de algumas empresas que mantinham contrato com o governo através de Pedro Elias Domingos de Melo”, ex-secretário-adjunto de Administração.
Pedro Nadaf, no depoimento, aparece como pessoa de extrema confiança de Silval. Nadaf tinha a função de arrecadar propina, especificamente junto empresários já que figurava como presidente da Fecomércio e secretário da Sicme. Era Nadaf o incumbido de pagar as contas dos criminosos políticos.
Silvio revela que o procurador aposentado Chico Lima atendia aos interesses diretos de Silval Barbosa, e foi ele que encaminhou o processo de desapropriação no bairro Jardim Liberdade no início de 2014, dizendo que era do interesse do governador, para que ele oferecesse parecer.
Já Arnaldo Alves - pessoa de confiança de Blairo Maggi e Silval - conforme Silvio, era ciente das contas que a organização criminosa possuía e sob ordens de Silval remanejava o orçamento, para atender aos interesses do governador, naqueles pagamentos que proporcionariam retorno financeiro ao grupo. Enquanto isso, Valdisio Viriato, que foi secretário da Seplan e depois atuou como adjunto da Sinfra, era responsável por arrecadar propinas em benefícios da organização.
O secretário-adjunto estadual de Administração José de Jesus Nunes Cordeiro era braço direito de Cézar Zilio. Ele recebia a ordem do próprio Silvio para atuar em determinados processos licitatórios de interesse da organização criminosa, para que o Estado contratasse ou mantivesse contratos com empresas que pagavam propina ao grupo.
Terreno
Ainda conforme depoimento sobre a aquisição do terreno no Jardim Liberdade no valor de R$ 13 milhões pelo ex-secretário César Zilio com dinheiro de propina paga por empresários para o grupo criminosos, Silvio relatou que em 2011 participou de uma reunião (a pedido de César Zilio) com Williams Is Hur, proprietário da empresa Consignum. A reunião era para ajustar o valor da propina referente ao contrato com o governo.
A tal reunião teria acontecido no gabinete de Cézar Zílio, na secretaria de Administração e teve a concordância de Sílvio, que sabia que ele era o responsável pelo recebimento dos pagamentos de propina e do repasse da parte que cabe a Silval Barbosa.
Em outro momento disse que em algumas ocasiões recebeu pessoalmente os valores e os entregou ao ex-governador. Silval determinava a Silvio que o mesmo desse destino aos valores, de acordo com as dívidas que tinha para pagar.
Em 2014, Silvio foi procurado por Pedro Elias que lhe entregou a quantia de R$ 600 mil em dinheiro porque a Consignum atrasou o pagamento da proprina e o ex-deputado José Riva (sem partido) estava tentando colocar outra empresa no lugar da Consignum. Nisso, disse que recebeu o montante e entregou a Silval Barbosa e que o ex-gestor teria determinado que fossem utilizados para pagamentos de contas pendentes na ocasião.
Sobre a empresa Westech, Silvio relata que em 2011, Pedro Elias levou o empresário Julio Minori até seu gabinete. Nessa ocasião, Julio havia dito que já possuía contrato com o governo e gostaria de manter, deixando tácito para tanto que continuaria pagando propina para manutenção do contrato.
Confissão
Após confessar os crimes, Silvio se colocou à disposição do juízo para garantia do ressarcimento do erário um imóvel no valor de R$ 472 mil. Silval também se comprometeu a devolver aos cofres públicos R$ 46 milhões.
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