DEPOIMENTO DE SILVAL: Governador nega acordo de ex-secretário para manter empresa

Em absoluto. Nós rompemos o contrato. Empresário depôs e diz que nada havia sobre isso
DEPOIMENTO DE SILVAL: Governador nega acordo de ex-secretário para manter empresa

O governador Pedro Taques (PSDB) negou que seu primo, o ex-chefe da Casa Civil, Paulo Taques, prometeu ao empresário Willians Mischur manter o contrato da Consignum com o Governo, caso o tucano ganhasse as eleições de 2014.

 A acusação foi feita pelo ex-governador Silval Barbosa (PMDB), nesta semana, em depoimento à juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital.

 “Em absoluto”, disse, ao responder se esse acordo aconteceu. “Nós é que rompemos o contrato. Esse empresário [Willians Mischur] já depôs e afirmou que nada havia sobre isso. Ele disse isso no depoimento dele”, afirmou.

 A empresa atua na gestão de margem de empréstimos consignados para servidores públicos desde 2008 e foi investigada na Operação Sodoma 2, da Delegacia Fazendária. Passou por um Processo Administrativo de Responsabilização (PAR) e hoje não possui contrato com o Governo.

 O Serviço de Controle de Consignação do Estado é feita pela Secretaria de Gestão (Seges), em parceria com a Câmara Interbancária de Pagamento (CIP).

“Nós é que rompemos o contrato. No mês de julho [de 2016], recebemos uma recomendação do Tribunal de Contas e iniciamos as tratativas para romper”, disse se referindo à decisão pela suspensão dos empréstimos dada pelo conselheiro Carlos Novelli.

 Sem surpresa

 Questionado se via com surpresa o depoimento do ex-governador Silval Barbosa, o tucano negou.

 “Nada mais me surpreende. De pedrada de louco e coice de mula, ninguém está livre”, afirmou.

 O depoimento

 Durante audiência a respeito da Operação Sodoma, Silval Barbosa contou que, no final de 2013, o então deputado José Riva - também réu confesso - o procurou, dizendo que tinha uma empresa interessada para operar os empréstimos consignados no lugar da Consignum.  

     "O Riva vinha com força política e cobrava duro. Eu chamei o Pedro Elias, não queria briga com o Riva, e falei para abrir uma concorrência e pedi para ele conversar com o Riva. O Pedro Elias conversa muito com o Riva. O Riva apresentou a empresa Zetra. Ele sabia do esquema da Consignum e dizia que a Zetra iria ajudar mais", disse.

 Em um feriado, quando estava na casa de seu irmão, Willians Mischur disse que queria renovar o crédito de sua empresa, pois o impasse o estava afetando. 

 "Ele alegava uma série de situações. Eu disse que não queria mais briga com a Assembleia e com o deputado Riva. Ele chegou a dizer que já tinha falado com o Paulo Taques [ex-secretário da Casa Civil da atual gestão] que, caso o grupo dele ganhasse a eleição, o contrato ia ser mantido", afirmou.

 "Eu falei com o Riva para resolver isso e eles se acertaram. Eu sei que o Wilians foi junto com o Pedro Elias na casa do Riva e eles se acertaram. Até então era 2,5 milhões. Quando o Riva disse que eu devia ele, é mentira. Eu não devia nada para ele. O Riva ia enfrentar uma candidatura majoritária pra governador e precisava desse contrato para isso. Eu não determinei ao Pedro para tratar esse assunto com Riva. Só falei para ele acabar com esse cabo de guerra entre Governo e Assembleia. Só depois eu fiquei sabendo que ele recebeu", completou. 

 Pagamento de propina

 Willians Mischur, dono da empresa Consignum, chegou a ser preso preventivamente em 2016, quando a 2ª fase da Sodoma foi deflagrada pela Polícia Civil. Em sua residência foram encontrados cerca de R$ 1 milhão em espécie.

 Mischur foi liberado após ter confessado que pagou propinas milionárias à suposta organização criminosa para manter os contratos de sua empresa com o Estado.

 Em depoimento à Delegacia Fazendária (Defaz), o empresário confessou que chegou a pagar R$ 700 mil por mês de propina a fim de manter o contrato com a gestão de Silval Barbosa.

 Segundo depoimento dado ao MPE pelo ex-secretário de Estado de Gestão, Cesár Zílio – réu na ação penal derivada da operação -, Mischur teria pagado propina ao grupo de Silval durante dois anos e oito meses, o que daria um total de R$ 16 milhões.

Fonte Mídia News

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