Promotor que surtou em MT é "interditado"; processo de expulsão do MPE deve atrasar

Fábio Camilo da Silva está internado há dois meses em clínica; mãe foi nomeada curadora
Promotor que surtou em MT é

O promotor de Justiça do Ministério Público de Mato Grosso, Fábio Camilo da Silva, foi declarado “interditado” (incapaz de administrar os próprios bens, e mesmo sua vida social e cívica) pela 3ª Vara da Família da Comarca de Campo Grande (MS). A decisão liminar também declarou a mãe dele como sua “curadora” e será responsável por “zelar, orientar a administrar” os pertences de Camilo.

As informações sobre a interdição foram confirmadas pelo procurador Domingo Sávio, do MP-MT, que no último dia 8 de agosto instaurou um incidente de insanidade mental para avaliar o estado de Fábio Camilo da Silva. No início de julho, ele foi afastado após ter desacatado policiais militares e promover uma série de confusão na região Norte do Estado. 

As cenas do promotor “viralizaram” em vídeos que circularam nas redes sociais. Porém, ele também é acusado de atropelar e ameaçar um deficiente físico, agredir um adolescente, e oferecer uísque a um juiz durante uma audiência.

A Corregedoria do MP-MT instaurou um procedimento para não permitir a vitaliciedade de Fábio Camilo como membro da instituição. Ele foi empossado há pouco mais de quatro meses e ainda estava em estágio probatório. 

O relator do processo administrativo é o próprio Domingos Sávio. Ele enviou uma carta precatória para a comarca de Sinop (500 km de Cuiabá) para ouvir a versão do promotor de justiça, onde estava num hospital após o surto. Porém, ele já havia se deslocado para Campo Grande.

“Recebi a resposta de que, naquele dia em que a carta aportou ali, o representado foi para Campo Grande, onde estaria internado em uma clínica. Consequentemente, ele não foi notificado para vir até mim ser ouvido. Na sequência, recebi a visita do advogado dele, que comunicou que o colega estava realmente internado em Campo Grande”, disse o procurador.

Domingos Sávio, então, determinou que a defesa do promotor fornecesse informações sobre a unidade de saúde e o estado mental de Fábio Camilo. O advogado afirmou que “não há perspectiva de alta” para o promotor de Guarantã do Norte e que um pedido de interdição definitiva já tramita na justiça de Campo Grande.

“Mais tarde, veio um ofício dando conta de que ele está internado com algumas enfermidades de natureza mental, sem perspectiva nenhuma de alta, inclusive interditado provisoriamente, sendo-lhe nomeado como curador a mãe, de forma liminar. Ele já tem um pedido de interdição definitiva tramitando na Justiça campo-grandense”.

Com a interdição, o processo no MP-MT que pode determinar a expulsão de Fábio Camilo da instituição deve atrasar. Dessa forma, o procurador Domingos Sávio optou por instaurar um procedimento de insanidade mental para que um perito do MP-MT avalie a situação de Fábio Camilo.

“SURTO”

No início de julho de 2017, uma série de vídeos que circularam nas redes sociais mostravam cenas bizarras: um homem vestido, com a beca própria de promotores de justiça, colocava o "dedo na cara” de policiais militares, e tomava um “banho” do que parecia ser uma bebida alcoolica misturada com energético.

As imagens confirmaram que, de fato, tratava-se do promotor de justiça Fábio Camilo, que atuava na promotoria em Guarantã do Norte. Uma ligação feita por um morador de Terra Nova do Norte (647 km de Cuiabá), na região de Guarantã, denunciava que duas pessoas estavam discutindo num posto de gasolina, uma delas aparentando embriaguez. Ao chegar ao local, os policiais militares encontraram o promotor de justiça, que desacatou os agentes de segurança.

“Que este militar deveria colar os cascos para falar com ele, sendo que ele era um coronel. Ainda perguntou se este militar não tinha conhecimento do Código Penal Militar. Neste momento, notou-se que o condutor encontrava-se em visível estado de embriaguez alcoólica, pois exalava forte odor de álcool ao falar”, diz o boletim de ocorrência feito contra o promotor.

Não satisfeito, o promotor de justiça teria dado uma “gravata” num dos policiais e o ameaçado. Ambos chegaram a cair no chão.

“Ele disse: ‘Vou lhe matar, soldado, com sua própria arma’. O promotor tentou retirar a arma deste militar, sendo interceptado pelo soldado Cenilton e a testemunha Reginaldo, sendo necessário o uso da força para conter o promotor e ainda utilização de algemas, para salvaguardar a integridade física dos agentes e do próprio promotor”, diz ainda o B.O.

Após ser algemado pela Polícia Militar, Fábio Camilo começou a ingerir uma bebida e “tomou banho” com outra. Como promotor de justiça, ele só poderia ser preso caso em flagrante delito por crime inafiançável. Ao ser liberado, ele foi a um hotel e teria tentado agredir os hóspedes. Encaminhado ao hospital, logo após o fim do efeito sedativo, também tentou agredir os profissionais de saúde.

ATROPELOU DEFICIENTE

Fábio Camilo também é acusado de atropelar e ameaçar de morte um deficiente físico que andava de bicicleta. Ao ser atingido pelo carro guiado pelo promotor, o rapaz teve sua prótese destruída, sofrendo ainda escoriações. O membro do MP-MT o ameaçou de morte caso registrasse um boletim de ocorrência.

Um adolescente de 17 anos, levado por duas conselheiras tutelares à presença do promotor em razão da rejeição do pai, teria levado um tapa no rosto e nas costas. Ele também foi ameaçado de ser preso, ouvindo do promotor que caso isso acontecesse o rapaz viraria uma “mulherzinha”. 

Por último, mas não menos importante, Fábio Camilo também teria oferecido uísque a um juíz durante uma audiência. Ele também teria faltado ao trabalho, sem justificativa, em várias oportunidades.

Fonte Folha Max

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