Os valores, segundo o ex-governador, foram entregues ao ex-governador e então candidato a deputado federal, Júlio Campos (DEM)
O ex-governador Silval Barbosa (PMDB) revelou em sua delação premiada que na eleição de 2010 cooptou o apoio das principais lideranças do DEM, que oficialmente integrava a coligação do atual secretário de Cidades e deputado estadual licenciado, Wilson Santos (PSDB). Para isso, teve que desembolsar R$ 5,5 milhões.
Os valores, segundo o ex-governador, foram entregues ao ex-governador e então candidato a deputado federal, Júlio Campos (DEM), e ao ex-deputado estadual Dilceu dal Bosco (DEM), candidato a vice-governador na chapa do tucano. Silval contou que “avançou” sobre o DEM após Wilson Santos propor o pagamento de R$ 10 milhões para que evitasse críticas ao Governo e centrasse acusações ao ex-prefeito de Cuiabá, Mauro Mendes (PSB), que também era um dos seus adversários na disputa pelo palácio Paiaguás.
A reunião ocorreu na residência do ex-senador Oswaldo Sobrinho. Como eles não chegaram a um acordo já que Silval ofereceu entre R$ 5 milhões e R$ 7 milhões, Wilson passou a criticá-lo nos horários eleitorais e nos debates.
Percebendo os ataques vindo do tucano, Silval contou que procurou pelo presidente do partido Democratas na época, o ex-governador Júlio Campos relatando a reunião que teve com Wilson Santos. Segundo Barbosa, Campos afirmou que Wilson, que tinha como vice em sua candidatura o então deputado estadual Dilceu Dalbosco (DEM), havia prometido recursos financeiros para candidatos a deputado do partido, mas não cumpriu.
No depoimento, Silval destaca que se ofereceu a honrar o compromisso não cumprido por Santos para receber apoio do DEM. O acordo foi aceito e ele repassou o montante de R$ 4 milhões a Júlio Campos. “O declarante, então, solicitou a Júlio Campos que ele liberasse os prefeitos que possuíam simpatia com a candidatura do declarante para que o apoiassem ao passo que o declarante iria ajuda-lo em suas despesas de campanha que Wilson Santos havia se comprometido, mas não honrado, que tal situação foi aceita por Júlio Campos, o qual depois de um levantamento encaminhou os custos que o seu partido possuía com os gastos das candidaturas, que conforme o combinado, o declarante repassou para Júlio Campos o montante de aproximadamente R$ 4 milhões”, comenta.
Ainda de acordo com Silval, o pagamento foi feito pelo empresário João Simoni, dono da construtora Constil. O ex-governador informou que Simoni pegou parte do valor com o também empresário Rodolfo Aurélio Borges de Campos, dono da construtora Encomind, que era responsável por efetuar constantes pagamentos de “retornos” ao grupo político que comandava o Estado por receber cerca de R$ 85 milhões em pagamento de precatórios no ano de 2010.
ACORDO COM VICE
À Procuradoria da República, Silval também pontuou que teve um encontro em seguida com o candidato a vice-governador da chapa de Wilson Santos, Dilceu Dalbosco. Eles firmaram um acordo para que o democrata ficasse “inerte” na campanha e não agisse contra ele.
Pelo acordo, o ex-deputado estadual recebeu o valor de R$ 1,5 milhão, que também foi pago por Simoni com dinheiro entregue por Rodolfo Borges de Campos. “O declarante ainda firmou acordo com o candidato a vice de Wilson Santos, Dilceu Dalbosco, a fim de que ele ficasse inerte na situação e não agisse contra o declarante; o declarante assumiu as dívidas da campanha de Dilceu Dalbosco e entregou a Dilceu o valor de R$ 1.500.000,00; a quantia foi entregue por intermédio do empresário João Simoni, da construtora Constil, tendo como origem os 'retornos' da construtora Encomind referente aos precatórios pagos pelo Estado de MT no ano de 2010”, disse numa referência a propina aceita pelo irmão do atual deputado estadual Dilmar Dalbosco, atual líder do Governo na Assembleia Legislativa.
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