José Adolpho Vieira é investigado por fraudar protocolo de denúncia dos grampos ilegais em MT
O advogado Paulo Taques, que deixou a chefia da Casa Civil de Mato Grosso em maio deste ano, recebeu em sua residência por quatro vezes a visita de seu sucessor na pasta, José Adolpho Vieira, que pediu exoneração da secretaria na última segunda-feira. Ambos são investigados por participarem do esquema de interceptações telefônicas ilegais no Estado.
Os encontros ocorreram entre maio e agosto deste ano, entre a saída de Paulo Taques do cargo no palácio Paiaguás e sua primeira prisão. A informação consta em decisão do desembargador do Tribunal de Justiça (TJ-MT), Orlando Perri, que determinou a "Operação Esdras". “Segundo provam os registros de entrada e saída do condomínio, desde 11 d emaio de 9 de agosto de 2017, somente o atual secretário-chefe da Casa Civil, José Adolpho de Lima Avelino Vieira, lá esteve por quatro vezes”, disse o magistrado.
A afirmação de Perri consta de uma representação da Polícia Judiciária Civil (PJC), que no âmbito de um inquérito policial que investiga as interceptações telefônicas ilegais no Estado, presidido pela delegada Ana Cristina Feldner, pediu a prisão preventiva de 8 pessoas – entre elas Paulo Taques -, além da execução de 15 mandados de busca e apreensão na última quarta-feira (27) na operação batizada de “Esdras”. O desembargador do TJ-MT, relator no órgão da ação que julga a ocorrência de grampos, autorizou as diligências da PJC.
Segundo o desembargador, mesmo fora da Casa Civil, Paulo Taques recebia a visita não só de seu sucessor, mas de outros servidores do segundo e terceiro escalões da pasta. Ele também teria recebido a visita de um oficial da PM, investigador da polícia e assessor parlamentar. Foram a casa de Paulo no condomínio Florais Cuiabá: o superintendente de Assuntos Estratégicos da Casa Civil, Sérgio Walmir Monteiro Salles por três vezes; o assessor especial da Casa Civil, Selmo Antônio também por três vezes; secretária-adjunta de Gestão Integrada da Casa Civil, Ana Paula Cardoso; o assessor parlamentar Jorge Luiz Lisboa, oficial e graduado da PM, além de um investigador de polícia”.
O magistrado autorizou a "Operação Esdras" após tentativa de obstrução a justiça pela organização criminosa, que tentou gravá-lo por meio de um dispositivo preso a farda do tenente-coronel da PM José Henrique Costa Soares, com o objetivo de utilizar o conteúdo para afastar o magistrado da relatoria da ação -, afirmou que Paulo Taques, enquanto Chefe da Casa Civil, ocupava um cargo “poderosíssimo”, e que sua influência, mesmo após deixar a pasta, justificaria sua prisão. “Afora todas as situações já demonstradas – que, de per si, justificariam a aplicação da medida cautelar extrema – sua força e sua influência no alto escalão do Governo é inconteste, até pela condição de primo do Chefe do Poder Executivo e de ter exercido o poderosíssimo cargo de Secretário-Chefe da Casa Civil”.
INVESTIGADO
José Adolpho Vieira também é investigado no caso relacionado aos grampos ilegais no Estado. Ele é suspeito de fraudar protocolo que levava a denúncia da existência de um sistema clandestino de escutas telefônicas no Estado ao governador Pedro Taques (PSDB).
O documento foi protocolado pelo promotor Mauro Zaque, ex-secretário de Segurança Pública do Estado. Após o "sumiço", o número do protocolo da denúncia foi substituído por uma reivindicação de estradas por parte da Câmara de Vereadores de Juara.
A fraude já foi constatada pela Controladoria Geral do Estado. No entanto, os responsáveis ainda estão sendo investigados.
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