Oscar queria receber R$ 15 milhões para que a CPI não prosperasse
Em depoimento, o ex-governador Silval Barbosa (PMDB) revela que a cobrança de propina por parte do deputado estadual Oscar Bezerra (PSB) para que não fosse penalizado na CPI das Obras da Copa do Mundo, ocorreu dentro de um veículo parado no estacionamento de um supermercado no bairro Jardim das Américas, em Cuiabá.
A afirmação foi feita em 8 de maio e integra o acordo de colaboração premiada (delação) do peemedebista com a Procuradoria Geral da República (PGR). De acordo com Silval, em 2015, quando já havia deixado o Palácio Paiaguás, ele começou a ser procurado pelo ex-prefeito de Nobres, Devair Valim de Melo, que agia como lobista de Oscar – presidente da CPI.
Em uma das conversas, Devair teria relatado que Oscar queria receber R$ 15 milhões para que a CPI não prosperasse. O montante, de acordo com o depoimento, seria dividido com os demais integrantes da comissão: Mauro Savi (PSB), Wagner Ramos (PSD), Silvano Amaral (PMDB) e Dilmar Dal’Bosco (DEM).
Após alguns encontros realizados no escritório do filho de Silval, o médico e empresário Rodrigo Barbosa, o delator declara que pediu que Oscar se encontrasse pessoalmente com ele. Em determinado dia, Devair foi até o apartamento de Silval e o levou ao estacionamento do supermercado. Lá, Oscar apareceu sozinho e os dois começaram a conversar dentro do veículo, uma caminhonete escura.
Acordo
Dentro do veículo, Oscar, segundo Silval, disse que poderia fazer um acordo, uma vez que o ex-governador havia ficado com muito dinheiro das obras da Copa e “que tinha que dividir”. O deputado teria pedido R$ 100 milhões para isentar Silval no relatório final da CPI. O peemedebista, no entanto, disse que não teria o valor e que precisava pensar em uma contraproposta.
No depoimento, o ex-gestor relembra que Oscar disse que estava muito endividado e que precisava de R$ 200 mil como forma de sinal e de um “gesto” de que Silval negociaria. “Que o declarante concordou com o pagamento desse valor, oportunidade em que Oscar passou o número de uma conta bancária, dizendo que era para depositar os R$ 200 mil nessa conta”, diz trecho do depoimento.
Tal conta, conforme o depoimento era da factoring Fama Fomento Mercantil. O valor foi depositado em agosto de 2015. Quando a acusação feita por Silval foi divulgada, Oscar negou que tenha cobrado e recebido propina.
Operação
Silval revela que só não apresentou uma contraproposta por ter acabado preso preventivamente em 17 de setembro de 2015, na Operação Sodoma. Durante sua prisão, em meados de 2016, o deputado Wagner Ramos teria procurado o filho de Silval em nome de Oscar e demais membros da CPI. Na ocasião, o parlamentar voltou a negociar o pagamento de propina para salvar o ex-governador. Na época, Silval diz que orientou seu filho a gravar as reuniões com Wagner, o que de fato ocorreu. Por fim, o delator garante que só pagou R$ 200 mil e que depois de preso nunca mais foi procurado por Oscar.
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