Valor pago não foi informado pela juÃza Selma Arruda
A Sétima Vara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT), cuja titular é a juíza Selma Rosane Santos Arruda, informou o ex-secretário-chefe da Casa Civil, Pedro Nadaf, que um imóvel que lhe pertencia, e que havia sido sequestrado pela Justiça em dezembro de 2016, foi arrematado em leilão realizado pelo próprio Poder Judiciário. O valor do negócio foi de R$ 470 mil.
O imóvel está localizado no 12º andar do edifício Torre dos Rios, localizado no condomínio Parque Residencial Pantanal, no bairro Bosque da Saúde.
O despacho informando a transação foi publicado na última quinta-feira (15) pelo TJ-MT. O imóvel tinha sofrido o sequestro em dezembro de 2016 no âmbito da 2ª fase da operação Sodoma, que investiga a utilização de cheques pagos a título de propina à cúpula da gestão do ex-governador Silval Barbosa na compra de um imóvel no bairro Grande Terceiro, em Cuiabá.
Nadaf, chefe da Casa Civil na época, teria comprado 714 cabeças de gado com a propina paga pelo empresário João Batista Rosa – que teria repassado R$ 2,5 milhões em troca de incentivos fiscais para seu negócio. Os animais, porém, já foram leiloados em 2016.
O imóvel também sofreu o leilão como forma de ressarcir os cofres públicos. Nadaf, que é colaborador da operação, entregou diversos bens como garantia para devolução de recursos aos cofres públicos. Alguns deles já foram encaminhados para leilão.
Os leilões visam restituir o Governo do Estado pelo prejuízo causado por Nadaf por conta da participação dos esquemas de corrupção na gestão passada. O ex-secretário é alvo das operações "Sodoma" e "Seven" e chegou a ter três prisões decretadas entre 2015 e 2016.
Ele só foi solto após colaborar com as investigações.
SODOMA 2
A promotora de justiça Ana Cristina Bardusco, responsável pela denúncia no Ministério Público Estadual (MP-MT), aponta que Pedro Nadaf cometeu os crimes de exigir propina em razão do cargo que ocupa, fraudar o caráter competitivo de licitações – além de torná-la mais cara sem justificativa -, e ocultar a origem e movimentação de bens adquiridos de forma fraudulenta com a ajuda de organização criminosa.
As investigações que desencadearam a segunda fase da “Operação Sodoma” tiveram a colaboração premiada do arquiteto José da Costa Marques, representante da Matrix Sat Rastreamento de Veículos Ltda. Ele figurou como comprador original de uma área de 10 mil m² na avenida Beira Rio, no bairro Grande Terceiro, em Cuiabá. A negociação ocorreu em 18 de junho de 2012.
O pagamento da área foi realizado em quatro parcelas que totalizaram R$ 12,8 milhões. O arquiteto declarou que entrou no esquema por influência do ex-secretário de Administração do Governo do Estado, César Roberto Zílio, que informou ao arquiteto que pretendia investir no ramo imobiliário com a construção de um Shopping Popular com 700 salas comerciais.
“Referida pessoa declarou que Cesar Zílio, justificando sigilo comercial, teria solicitado que José figurasse como comprador da área, coisa que o mesmo não estranhou, já que, segundo ele, é comum que compradores ocultem sua verdadeira identidade, até para manter reservas do investimento”, diz a juíza Selma Arruda, responsável pela ação penal que investiga o caso.
Segundo os autos, para garantir a propriedade da área, o ex-secretário articulou um contrato de gaveta entre a “Matrix” e o seu pai, Antelmo Zílio, que faleceu em novembro de 2014.
Para efetuar a compra, o grupo político liderado pelo ex-governador Silval Barbosa (PMDB) utilizou cheques repassados por empresas que prestavam serviços ao Governo. De acordo com relato da magistrada da Sétima Vara Criminal, a empresa Consignum – Programa de Controle e Gerenciamento de Margem Ltda – emitiu 35 cheques, que totalizaram 1.207.614,83. Já a Gráfica e Editora De Liz contribuiu com três cheques, que totalizaram R$ 337 mil.
A empresa EGP da Silva ME (Intergraf) também emitiu três cheques que totalizaram R$ 283 mil. Na negociação também foram encontrados dois cheques do empresário Julio Minoru Tisuji – sócio da empresa Webtech Softwares e Serviços Ltda EPP –, que somaram R$ 89.075,77 mil.
Já Marcel de Cursi é acusado de abrir duas empresas de fachada, assim que assumiu seu cargo no primeiro escalão da gestão Silval Barbosa, para movimentação oculta de recursos (lavagem de dinheiro) entre os anos 2012 e 2014.
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