Dados dos smartphones dos pacientes são cruzados para encontrar lugares onde possam ter sido infectados. Tecnologia pode ajudar a combater doenças como malária, zika e dengue.
Um sistema para ajudar a identificar focos de disseminação de doenças infecciosas, em especial aquelas transmitidas por mosquitos, como malária, febre amarela, dengue e zika, está sendo desenvolvido na Universidade de São Paulo (USP).
O SiPoS (sigla em inglês para sistema de posicionamento de doenças) usa o registro de localização dos smartphones para saber por onde andaram as pessoas que apresentarem alguma dessas doenças e, fazendo o cruzamento das informações de vários pacientes, consegue, por meio de um algoritmo, determinar pontos onde provavelmente elas foram contaminadas, facilitando ações de combate aos vetores transmissores.
Segundo Helder Nakaya, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, já é prática nos serviços de saúde questionar os pacientes a respeito dos lugares por onde estiveram nos dias anteriores a apresentarem os sintomas, para conseguir informações que ajudem as estratégias de combate.
Com o registro da localização do celular -- cada vez mais disponível graças à popularização dos smartphones --, no entanto, é possível ter um histórico muito mais preciso, já que dificilmente alguém sabe dizer todos os lugares onde esteve nos últimos 12 dias, por exemplo.
O desafio maior, segundo Nakaya, será explicar aos pacientes que a tecnologia não fere a privacidade, já que serão mandados para o SiPos dados anônimos, ou seja, será possível ver que doença cada paciente teve e que locais visitou, mas sem saber sua identidade.
O projeto está em teste, e Nakaya espera conseguir que seja amplamente adotado no futuro na rede de saúde. A ideia recebeu verba da Fundação Bill e Melinda Gates, numa concorrência de 1.500 projetos que teve apenas 28 premiados.
O SiPoS foi apresentado nesta segunda-feira (4) na reunião anual da Federação das Sociedades Brasileiras de Biologia Experimental (Fesbe).
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